‘Projeto pra fechar a universidade’: alunos protestam contra suposto sucateamento da Ucsal

Segundo manifestantes, problemas têm afetado tanto estudantes como professores
Segundo manifestantes, problemas têm afetado tanto estudantes como professores (Arisson Marinho/CORREIO)

Estudantes se queixam do baixo número de professores e de obrigatoriedades impostas pela instituição

Um grupo de cerca de 20 alunos da Universidade Católica do Salvador (Ucsal) realizou um protesto no campus Pituaçu, nesta terça-feira (24), contra um suposto sucateamento da tradicional instituição de ensino superior. Eles se queixam, por exemplo, do baixo número de professores; do mínimo de disciplinas por semestre (seis); e do formato do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que passou a ser obrigatoriamente em grupo.

“Temos diversos cursos que estão sendo constantemente sucateados. Além disso, estamos passando por uma situação em que somos basicamente coagidos a pegar disciplinas que não precisamos”, contou o estudante Victor Gabriel Oliveira, de 24 anos. “A grade é montada pela universidade, e não sabemos quanto estamos pagando por cada matéria”, reclamou o jovem.

No mês passado, ex-professores da Ucsal denunciaram ao CORREIO o não pagamento, pela universidade, de indenizações trabalhistas a cerca de 60 docentes demitidos em massa entre julho e agosto — realidade que se mantém até hoje. Segundo relatórios da própria instituição, de 2010 a 2020, o número de professores caiu de 751 para 352, ou seja, 53% a menos. No mesmo período, a queda da quantidade de alunos foi 30%.

Com o ‘enxugamento’ do quadro docente, tanto os remanescentes como os estudantes têm sentido o reflexo dos problemas internos da Católica. “No caso da Licenciatura em Letras, nós temos cinco ou seis professores, somente. E, nisso, eles têm que fazer rodízios e pegar matérias a mais, inclusive fora das áreas deles”, indignou-se Yasmin Ramos, 20.

Para completar a situação, ela e os outros alunos receberam, no fim do ano passado, a notícia de que os TCCs passariam a ser feitos obrigatoriamente em grupos. “A princípio, ninguém foi informado de nada. É uma coisa que tem acontecido muito aqui essa falta de diálogo”, destacou Yasmin. “Parece que é um projeto pra fechar a universidade”, desabafou.

Nem bacharelados como o em Serviço Social, já antigo, escaparam da crise institucional. “Nosso curso tá defasado. Tivemos professores demitidos que já tinham mais de 20 anos de casa, principalmente em 2022”, relatou o estudante Moisés Bispo, 29. “Agora, Serviço Social conta com três professores, da graduação, e uma professora, que é da pós-graduação”, consegue contar, com uma só mão, o jovem.

Em julho, o Ecossistema Brasília Educacional, que tinha assumido a gestão das atividades da Ucsal, informou ao CORREIO estar ciente das dificuldades financeiras da instituição baiana e que pretendia ‘dar fôlego’, para poder resolver as demandas.

Procurada, a Católica não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento da matéria.

Sinpro-BA classifica situação como ‘show de horrores’ 

O coordenador-geral do Sindicato dos Professores na Bahia (Sinpro-BA), Allysson Mustafa, recordou que a Universidade Católica já é assombrada por problemas de gestão há, no mínimo, mais de duas décadas. “São descumprimentos e ilegalidades, frustrando tanto os trabalhadores como os estudantes e, portanto, frustrando a sociedade como um todo”, afirmou Mustafa, que classificou a situação como um ‘show de horrores’.

“Um show de horrores, infelizmente, para uma instituição com décadas de bons serviços prestados à comunidade, mas que, nesses últimos anos, têm trazido para a comunidade uma mancha grande na sua história”, lamentou-se coordenador-geral do Sinpro-BA.

Fonte: Correio

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