Sem provas, PF citou ofícios à Alerj para justificar vazamento de caso Queiroz a Bolsonaro

Relatório de 2019 diz que exonerações podem ter ocorrido para não pairar dúvida acerca de idoneidade e conduta

Redação
Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil

Mesmo sem apurar e sem provas, no encerramento do primeiro inquérito sobre suspeitas de vazamentos do caso Queiroz para a família do presidente Jair Bolsonaro, no ano passado, a Polícia Federal especulou que ofícios de agendamentos de depoimentos enviados à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) poderiam ter alertado deputados estaduais de que havia uma investigação em andamento.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, a PF escreveu no relatório que, diante disso, “aqueles mais precavidos poderiam tomar medidas de conter os danos”. “De acordo com essa hipótese, tendo em vista que Jair Bolsonaro disputava candidatura à presidência e seu filho Flávio, ao Senado, é razoável supor que, tendo conhecimento das medidas que estavam sendo tomadas, providenciassem o afastamento e/ou exoneração dos assessores sobre os quais pairasse qualquer tipo de dúvida acerca de idoneidade e conduta”, consta no relatório.

A PF, no entanto, disse não saber quando os ofícios teriam ido à Alerj, o que fragiliza a tese. No inquérito da rachadinha, não há nenhum documento enviado antes da operação Furna da Onça ir para as ruas. Envolvidos na investigação também negam que a suposição relatada faça sentido.

Conforme aponta a Folha, o inquérito foi aberto a pedido de parlamentares do PT diante do fato de que Jair e seu filho Flávio exoneraram assessores que apareceram em relatórios do Coaf antes da deflagração da operação. A apuração foi arquivada em dezembro do ano passado, “sem restar confirmadas as suspeitas suscitadas”.

Somente no mês passado a investigação foi reaberta, depois das revelações feitas empresário Paulo Marinho à Folha.

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