Uauá: De um lado a ostentação dos donos do poder, do outro a miséria do povo
Da Redação
Se alguém pousasse na entrada da recém construída mansão, afastada dos bairros miseráveis e sem saneamento, imaginaria estar na Europa ou em alguma ilha paradisíaca dos mares do sul.
Varandas amplas, material de primeira, provavelmente importado do Sul com exclusividade; janelas, vidros, telhado diferenciado e uma entrada marcante. Uma mansão que não faria feio em qualquer desses condomínios de milionários.
Não é a Europa. Não é condomínio de rico e não está localizada em alguma ilha dos mares do Sul. Está em Uauá.
E podemos dizer o que é, quem é e onde é Uauá. Está lá no IBGE: 3 mil quilômetros quadrados de seca e quase tudo caatinga; 24, 25 mil habitantes; 19 crianças mortas antes de um ano e IDH, sabe, aquele índice que mostra o desenvolvimento, de 0,6, longe ainda do aceitável.
Dividindo-se a renda do município pelo número de habitantes vamos ter menos de 500 reais de renda mensal. Espera! Espera, isso se contarmos todos, mas a verdade é que a maioria ganha menos que isso, enquanto, poucos, poucos mesmo, levam a metade da renda municipal, todo santo mês.
Mas, a mansão foge até dos padrões de ostentação dos ricos e coronéis de Uauá. É muito bonita e é do prefeito Lindomar Dantas. Seus adversários o criticam por ser preguiçoso, mas, antes da mansão até que ele chegava antes…. Agora? Só depois das 11. Com uma mansão como aquela, com tudo do bom e do melhor, com atendimento Vip…. Quem quer sair de casa?
As ruas continuam sem calçar. Continuam sem saneamento. As crianças continuam morrendo, ou por inanição, ou disenteria, os homens continuam sem ter de onde tirar o sustento da família e as mulheres continuam subjugadas sob o temor da fome.
Uauá é isso. Fome e luxo.