Wagner sinaliza que o PT vai encabeçar a chapa majoritária para a sua sucessão
Mesmo afirmando que continua conversando com os partidos da base aliada, numa clara resposta aos companheiros de primeira hora que anunciam a possibilidade de um projeto sem o Partido dos Trabalhadores, o governador Jaques Wagner afirmou nessa quarta-feira (11/9), nas entrelinhas, que a preferência para liderar o projeto de sua sucessão é do PT, conforme já defendiam lideranças petistas. De acordo com Wagner, a prevalência na Bahia é resultado da conjuntura do partido em comparação com outros estados brasileiros. “A Bahia é o maior e mais importante de todos os estados governados pelo PT e é óbvio que a gente quer manter essa linha de trabalho adotada a partir de 2015”, apontou o governador.
“Eu acho que a unidade interna do PT tem que ser construída dentro deste ano. Acredito que a gente vai estar bem, tenho conversado muito com os outros partidos, que também tem nomes, mas eu sinto uma vontade de todos de manterem a unidade do grupo”, sinalizou Wagner, ao citar que, ainda que haja esse empenho, o partido deve encontrar uma definição até novembro. “Eu estou mantendo (o prazo para definição) até o final de novembro. Estou tentando manter a unidade dentro do PT, para tentar negociar com os outros partidos. Eu estou mantendo esse calendário. O PT até agora apresenta quatro nomes. Quem tem quatro não tem nenhum”, reclamou, também nas entrelinhas, o chefe do Palácio de Ondina.
De acordo com o governador, 2013 é “um ano de muito trabalho, um ano que está muito duro para todos os estados”. “Este ano vamos nos dedicar a fazer o principal na política que é fazer as coisas acontecerem. Até porque eu e o grupo político nosso seremos julgados no ano que vem por aquilo que produzimos ao longo desses oito anos dos nossos dois mandatos”, avaliou Wagner durante entrevista à rádio Tudo FM.
Moedor – Apoderando-se da experiência política de anos no Legislativo e no Executivo, o governador fez reflexões sobre a política e o que ele chamou de “máquina de moer gente boa”. Na opinião do governador, um dos problemas cruciais da democracia brasileira é a não realização da reforma política. “Eu mandei fazer um levantamento que fiquei impressionado. De 2002 para cá, as campanhas gastaram R$ 190 milhões em 2002, em 2010, R$ 930 milhões. E a de 2014 vai gastar mais ainda”, criticou Wagner.
“Nós estamos de uma escolha de política programática, partidária, de projetos, para uma campanha que acaba sendo daquele que dispõe mais. E aí eu vou repetir, o cara quando tem que gastar uma fortuna para se eleger, muitas vezes acaba se comprometendo”, reclamou.
PMDB fica na aliança nacional
Bem próximo à presidente Dilma Rousseff, o governador Jaques Wagner acredita que a repactuação entre PT e PMDB, como sugerem alguns petistas, não deve alterar o cenário para a sucessão de Dilma no Palácio do Planalto. Para ele, a configuração de uma candidatura irreversível de Eduardo Campos (PSB) é um forte indício para que Michel Temer permaneça como vice-presidente da República.
“Estou tentando ajudar aonde posso a presidenta nesse processo de articulação. Por enquanto, vejo na agenda da eleição 2014 o PMDB dentro dessa coligação. Até porque, no caso do PSB, pelo que eu percebo nas últimas declarações de Eduardo, está praticamente tomada a decisão dele de ser candidato. Não concordo, porque acho que ele podia continuar nessa caminhada e projetar isso mais lá para frente um pouco, mas se ele tomar a decisão é uma decisão dele”, sugeriu o governador.
Sempre reservado nas críticas, Wagner apontou o que ele considera uma das “distorções” da regra política brasileira. “O PSB, nesse afã de Eduardo construir a sua candidatura, já trouxe para dentro do PSB a família Bornhausen de Santa Catarina, que é tipicamente de uma formulação política oposta completamente, conservadora”, exemplificou, ao tempo em que alfinetou o aliado. No entanto, ele próprio minimizou o tom. “Eu continuo dizendo que você não precisa perder a sua característica pelo fato de você fazer coligações”.
Fonte: Tribuna