Professor da Uneb filiado ao PT detona o governador Rui Costa

Da Redação do Ação Popular (AP)

O professor Doutor Gildeci de Oliveira Leite da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, não suportou vê a falta de compromisso e responsabilidade do governador Rui Costa (PT) para com as quatro universidades do estado – inclusive a UNEB – e decidiu fazer uma carta aberta relatando casos de perseguições à sua esposa – que também é professora da unidade – por pessoas do próprio partido por também não concordar com a política reacionária  implantada pelo ex-sindicalista pelego e hoje governador na educação superior no estado. Ainda no documento, ele relata as humilhações, o baixo salário e o desprezo que todos estão sofrendo dentro das unidades.

Confira:      

GOVERNADOR RUI COSTA,

VEJA NOSSA TRISTE CORRERIA:

Bahia, 23 de agosto de 2018.
Professor Doutor Gildeci de Oliveira Leite (UNEB)

Excelentíssimo Governador do Estado da Bahia, Senhor Rui Costa, inicialmente apresento-me, sou aquele mesmo professor filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores), que em 18 de fevereiro de 2018 publicou no jornal A Tarde o texto “Rui Costa disse que ‘vai dar PT’” por essas e outras ações sou insuspeito para realizar críticas à sua gestão.
Minha esposa, também professora da UNEB (Universidade do Estado da Bahia) como eu, inicialmente, aconselhou-me, que desistisse do texto, ela anda assustada com as perseguições que sofremos de seguimentos do próprio PT ou próximos ao nosso PT dentro da UNEB. Na política universitária implementada por alguns de nós o mérito é o
puxa-saquismo, como não temos medo de elogiar, também não temos medo de denunciar o que consideramos errado e/ou absurdo.

Em todas as unidades da UNEB o descaso é geral. Um governador que prometeu tratar bem os educandos, melhorar as instalações, investir em projetos, passou a ser o maior sanguinário da história política da Bahia em destruir um patrimônio edificado através de muito suor ao longo de anos e mais anos. O medo é grande hoje por parte de alunos e professores caso ele seja reeleito

Mas eu gosto de contar histórias, narrar faz parte de minha vida, e mesmo sem saber se esse texto chegará ao senhor ou se causará algum efeito positivo no senhor e/ou em sua equipe, vou contar uma história. Um dia desses encontrei um professor do ensino básico, ele foi meu colega na graduação na UFBA (Universidade Federal da Bahia),
militamos juntos no movimento estudantil. O senhor deve imaginar, que um encontro de militantes progressistas não deixaria de ter conversas sobre política. Lá pelas tantas, ele, justificadamente irritado resolveu mostrar-me o contracheque. Quando ele pediu que mostrasse o meu, recusei, fiquei envergonhado. De fato, o salário de meu colega do ensino básico, que possui metade de minha titulação, ainda não é o merecido, mas é exatamente o dobro do meu salário na UNEB (Universidade do Estado da Bahia), mesmo eu possuindo o título de doutor.

A história sendo destruída em cada unidade devido a falta de recursos

Antes que alguém possa tentar convencer o senhor de que eu estou com inveja dos colegas do ensino básico, declaro que isso seria uma vil tentativa de colocar nós professores uns contra os outros. Verdadeiramente, entendo os motivos, os festejos da APLB – Sindicato e de seu representante Rui Oliveira, quando afirmam, que tiveram
conquistas, parabéns! Só não entendo qual ou quais motivos de o Governo do Estado da Bahia, gestado por um partido progressista, não estender os mesmos benefícios aos professores do ensino superior.

O senhor sabe que não possuímos promoções automáticas e que alguns de nós aguardam anos para terem nos contracheques o reconhecimento do título de mestre ou doutor. O senhor sabe que nós não temos o “avanço na carreira”, que na prática dobra os quinquênios. Isso mesmo, com 5(cinco) anos de trabalho nós das universidades baianas recebemos apenas 5% enquanto, merecidamente, nossos colegas do ensino básico recebem 5% do quinquênio mais 5% do avanço. Ou seja, com 20 (vinte) anos de trabalhos duros e árduos nossos colegas do ensino básico, merecidamente, receberão 40%, enquanto nós apenas 20%. Parabenizo, mais uma vez, a luta dos colegas do ensino básico através da APLB – Sindicato, parabéns Rui, mas digo Rui Oliveira, dirigente da APLB. Continuo a minha conversa, a minha história, digo minha, pois não sei se serei ouvido, apesar da história ser a mesma de todos os colegas das UEBAS (Universidades Estaduais da Bahia). Sabemos que o senhor irá ganhar as eleições e contraditoriamente com votos de muitos de nós professores das UEBAS (Universidades Estaduais da Bahia)
massacrados. Sabemos que o senhor tem dado prioridade às estradas, às obras de infraestrutura do estado. Contudo, Governador, se comparado o número de professores do ensino básico com o número de professores das UEBAS, rapidamente, perceberíamos que o impacto no orçamento seria ínfimo. São dezenas de milhares de bravos colegas do ensino básico, enquanto nas UEBAS não temos sequer 5.000 (cinco mil) professores. Facilmente percebemos que para estender as conquistas da APLB – Sindicato ao ensino superior custaria pouco aos cofres públicos. Em que nível de prioridade estão as UEBAS em seu governo?


Governador, estradas, infraestrutura são importantes. Não obstante, Governador, mais importantes são as pessoas e as histórias contadas sobre as estradas e a infraestrutura, aliás, é bom lembrar que as infraestruturas das UEBAS estão lamentáveis. Governador, quem produz e sistematiza, à duras penas, o conhecimento e o capital simbólico somos nós do ensino superior. Que histórias seremos obrigados a contar a respeito dos olhares do senhor às UEBAS? Quantos tubos de ensaio ou reagentes químicos nos ajudarão a narrar o desprezo para com as UEBAS? Isso se nossos colegas conseguirem comprar reagentes químicos ou tubos de ensaio, pois só conseguimos comprar livros, dividindo em suaves e tenebrosas prestações no cartão de crédito, antes que os serviços de proteção ao crédito nos tirem os cartões.

Governador, não posso negar minha decepção, minha tristeza e não posso deixar me abater. Lembra daquele colega que me mostrou o contracheque? Ele aguarda minhas orientações e dicas, gratuitas, afinal professor é um profissional que raramente cobra consulta e assessoria. Também tenho bolsistas de IC (Iniciação Científica), que dependem de minha orientação, além de bolsistas de ID (Iniciação à Docência), mais as aulas regulares, um projeto de pesquisa e outro de extensão, sem falar das publicações. Isso sim é correria! Agora sonho com a possibilidade de ganhar um edital de incentivo à pesquisa, lançado pelo governo federal, sim governo federal, pois como o senhor sabe a FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia) há anos nos desampara, há anos sem editais. Nessa penúria que nos encontramos, digo nós professores das UEBAS, até pensei em concorrer a um edital de incentivo à cultura, mas lembrei: tem uma lei estadual que nos proíbe.

As vezes penso: querem nos matar de fome ou nos fazer desistir do trabalho nas UEBAS. Ganhamos mal, não temos direito às mesmas conquistas dos colegas do ensino básico, não temos financiamento de nossas atividades e ainda temos uma série de proibições e obrigações. “Pense em um absurdo, na Bahia tem precedentes!” Uma colega,
digo uma pois essa falou-me, desistiu do ensino superior na UNEB. Agora vive feliz, recebendo ordens em outro órgão público a carimbar papéis e a planejar as próximas férias, isso é que é vida. Pois meu Governador, ainda tem muita gente como eu, aparentemente masoquista, que persiste no tripé ensino, pesquisa e extensão, que se nega
a ficar com a “boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar.” Governador, por favor, espelhe-se no presidente Lula e transforme-se em ideia a ser narrada com nossa felicidade.

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