CUIDADOS COM ANIMAIS DEVEM AUMENTAR DEPOIS DA CHUVA

Produtores de caprinos e ovinos recebem orientação técnica do que fazer

GERALDO PASSOS MOSTRA CAATINGA REBROTANDO foto Juliana Souza

Uma semana depois da chuva que caiu em alguns municípios da região norte da Bahia, dá para ver melhor as plantas que floresceram na caatinga e que servem de alimento para caprinos e ovinos. Alguns produtores até já economizam um pouco da ração comprada durante a estiagem.

Mas os produtores devem ficar atentos para o surgimento de algumas espécies de plantas que podem ocasionar intoxicações nos animais. Segundo o médico veterinário Rodrigo Gonçalves, a intoxicação por plantas é uma das principais causas responsáveis pelas perdas econômicas nos rebanhos de caprinos e ovinos nos municípios assistidos pelo Bioma Caatinga (Programa de Inclusão Produtiva da Ovinocaprinocultura do Semiárido da Bahia).

Segundo o veterinário, que também é supervisor do Bioma, as plantas tóxicas de maior ocorrência na região são: Pinhão Rasteiro (Jatropha ribifolia)Capoteira ou Batada-de-peba (Ipomoea verbascoidea) Algodão Bravo, Mata-bode ou Canudo (Ipomoea carnea), Maniçobas (Manihot spp.), Mandioca Brava (Manihot esculenta), Angico preto (Anadenanthe columbrina) Favela ou Faveleira (Cnidoscolus quercifolius) e Jurema preta (Minosa tenuiflora).

De um modo geral, a intoxicação por plantas ocorre após ingestão de grandes quantidades de planta em pouco espaço de tempo e tem sido observada depois das primeiras chuvas, quando a maioria delas estão rebrotando. “Os animais afetados devem ser retirados da área com a planta imediatamente após a observação dos primeiros sinais, como tremores, membros abertos e andar não coordenado”, alerta Gonçalves.

Apesar das vantagens trazidas pela chuva, o trabalho na propriedade deve ser contínuo para manter o rebanho sadio. Orientações como essas estão sendo repassadas pelos ADRS – Agentes de Desenvolvimento Rural Sustentável para mais de mil produtores que são atendidos pelo Bioma Caatinga. O programa é coordenado pela Fundação Banco do Brasil e Sebrae nas cidades de Casa Nova, Remanso, Juazeiro, Curaçá e Uauá.

CHIQUEIRO – O produtor deve limpar o chiqueiro (piso de chão batido) todos os dias, tendo o cuidado de deixar uma declividade no solo para facilitar o escoamento superficial das águas no período chuvoso, evitando assim o excesso de umidade que pode comprometer a saúde animal. O ideal é que os animais sejam abrigados numa área coberta.

RESERVATÓRIOS – Os Agentes também fazem um alerta para a limpeza em volta das aguadas, eliminando restos mortais de animais através da queima, para evitar a contaminação dos reservatórios. Os animais devem beber água, preferencialmente, em bebedouros longe dos mananciais que podem ser contaminados com as fezes dos próprios bichos.

DOENÇAS – Já para evitar verminoses, “é recomendada uma vermifugação depois dessa primeira chuva para limpar o organismo do animal que vai para o pasto aproveitando melhor todos os nutrientes da caatinga”, diz o engenheiro agrônomo e supervisor do Bioma Caatinga, José Wilson Chaves.

Uma observação feita pelos especialistas é a natural entrada no cio das cabras depois da chuva. “É interessante ver que, com a alimentação escassa à base de ração, o cio é menos comum. Mas basta uma chuva para provocar o acasalamento. Nas próximas parições, podem nascer filhotes com má formação se as cabras e o reprodutor estiverem mal nutridos”, diz Chaves.

Para diminuir esse resultado, durante todo o ano, os ADRS lembraram os produtores da importância, por exemplo, da mineralização na alimentação do rebanho, já que, nas forragens, a quantidade de minerais encontrados não supre as necessidades orgânicas dos animais. Comprado ou feito na propriedade, o composto suplementar rico em cálcio, fósforo, cloreto de sódio, potássio, magnésio, enxofre, zinco, cobalto, iodo, ferro, cobre, manganês e selênio, deve ser ofertado aos animais continuamente.

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