Em CPI, G. Dias critica segurança do DF e aponta para falhas do general Penteado

José Carlos Penteado, que foi adjunto de Augusto Heleno e ficou no GSI até dia 8, foi demitido por Gonçalves Dias

Gonçalves Dias
Gonçalves Dias (Foto: Reprodução)

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o general Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontou para falhas do um aliado de seu antecessor, o general Augusto Heleno, na segurança do Distrito Federal no 8 de janeiro. A CPI busca investigar as invasões e depredações ocorridas nos prédios públicos de Brasília naquele dia.

G. Dias chegou ao plenário da CLDF por volta das 10h10 e iniciou sua declaração, na qual discorreu sobre sua carreira no Exército e mencionou sua saída do GSI após a “divulgação imprecisa e desconexa de vídeos gravados no interior do Palácio do Planalto”, segundo relato do jornal O Globo. O depoimento do ex-ministro trouxe à tona novos detalhes sobre os eventos de 8 de janeiro.

Durante seu testemunho, G. Dias relatou que a posse do presidente Lula (PT), em 1º de janeiro, ocorreu “dentro da normalidade” e foi uma celebração democrática. No entanto, o ex-ministro mencionou a existência de acampamentos de partidários de Jair Bolsonaro (PL) diante do Quartel General do Exército, uma situação que considerou incômoda e ilegal. Ele enfatizou a intenção do governo em encerrar tais acampamentos e mencionou a reunião realizada em 6 de janeiro pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, para a qual não foi convidado.

“A situação embaraçosa dos acampamentos de partidários do ex-presidente diante do Quartel General do Exército: algo que não deveria ter sido permitido, e o foi. O governo que assumia herdou a situação. Ela era incômoda, ilegal. Seja no governo, seja no comando das Forças Armadas e das forças federais de segurança, estávamos decididos a pôr fim àqueles acampamentos”, afirmou G. Dias durante seu depoimento.

O ex-ministro do GSI também mencionou que, no dia 6 de janeiro, entrou em contato com o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Investigação (Abin), Saulo Moura da Cunha, para discutir questões genéricas de segurança do Palácio do Planalto. No entanto, não foi abordado nenhum esquema especial para o dia 8 de janeiro, pois não havia informações que indicassem os eventos que ocorreriam. Ele deixou o Palácio do Planalto por volta das 18h.

No domingo, dia 8, G. Dias, inquieto com a situação, decidiu ir de carro até o Palácio do Planalto. Ao chegar, percebeu que o bloqueio da frente do palácio, que deveria ter sido montado pela Polícia Militar do Distrito Federal, não estava em vigor. Ele questionou o general José Carlos Penteado – que foi adjunto de Augusto Heleno – sobre o motivo da ausência do bloqueio, cobrando uma resposta imediata. Ao não receber uma resposta, deu a ordem para que o bloqueio de proteção fosse montado. Durante o depoimento, G. Dias também mencionou que presenciou os manifestantes descendo do Ministério da Justiça em direção ao Palácio do Planalto e observou a resistência da Polícia Militar sendo vencida.

A revelação de G. Dias na CPI do Distrito Federal aponta para falhas na segurança durante os protestos de 8 de janeiro, em especial na frente do Palácio do Planalto. O depoimento do ex-ministro levanta questionamentos sobre a efetividade das medidas de controle e ação das forças de segurança naquele dia.

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