“Quero deixar um legado de progresso e desenvolvimento para essa terra”, diz Danilo Rodrigues

Danilo Rodrigues

Grazzielli Brito – Ação Popular

Danilo Rodrigues faz um retrato de Bodocó, Pernambuco, localizado no Sertão do Araripe, município que nos próximos quatro anos será administrado por ele. O futuro prefeito é jovem e carrega consigo toda a garra e obstinação necessárias para promover uma renovação na política local. Ele assume uma cidade, que vinha sendo comandada há 16 anos por um mesmo grupo político, que amarga as consequências de administrações públicas ruins e é castigada pela seca.

O município não tem aterro sanitário

Seguindo os passos de seu pai Lairton Rodrigues, ex-prefeito de Bodocó, Danilo também saiu de sua terra natal pra estudar Direito, mas voltou, para através da política transformar a realidade daquele município carente. “Formei e voltei pra Bodocó, tomei a postura que meu pai tomou, advogava para a população carente daqui sem cobrar, uma espécie de defensoria pública, sobrevivia da assistência a clientes de outros municípios como Ouricuri e Araripina. Entendia a necessidade e carência de meus conterrâneos, me elegi vereador e agora prefeito. Estou conseguindo fazer a mesma história de meu pai, são épocas diferentes, mas infelizmente as adversidades ainda são parecidas”.

Transição de governo e descaso

Sobre a transição de governo, revela o desinteresse por parte da atual administração. “Ainda não conseguimos as informações necessárias, o pouco que tivemos foi um comunicado da prefeitura informando que teríamos acesso a um relatório e um dia dentro de cada secretaria, o que covenhamos é insuficiente. Isso inviabiliza qualquer conhecimento para uma gestão futura. Pedimos ajuda ao Ministério Público para intervir, porque até então a prefeitura permanece com essa postura de impor dificuldade”, lamenta.

Esgoto transformado em foco de muriçocas e de mosquitos da dengue

Além de muita vontade, Danilo demonstra estar ciente de toda a dificuldade que o município enfrenta. “Existem obras sendo terminadas às pressas, outras paradas, esgotos estourados pelas ruas, postos de saúde desativados, a policlínica, centro de especialidades também desativado. Sei da existência de uma barreira grande para reestruturar o município, de forma que se estabeleça a normalidade nos serviços públicos municipais, o que vai ser minha prioridade, bem como adquirir uma máquina para construção de pequenas adutoras para amenizar as consequências da seca” e criticou a atual gestão “Antes da eleição diversos tratores fizeram limpeza de barreiros, assistência dos carros pipas, depois sumiu tudo. Ou seja, eram medidas eleitoreiras”.

Coleta precária do lixo

Como medida até preventiva, Danilo disse que assim que tomar posse vai instalar uma auditoria na prefeitura. “Jamais entrarei em uma gestão, que não é de continuidade, pra assumir algumas mazelas que vem sendo deixadas, mazelas bem visíveis. A ponto de um dia ser responsabilizado por elas. Faremos auditoria pra demarcar o inicio de uma nova gestão e o final de outra”, explicou.

Economia de Bodocó

Em relação à economia municipal, ele faz um retrato bem claro e caótico do que os bodocoenses vêm enfrentando. “A principal atividade econômica é a pecuária, sendo Bodocó parte da bacia leiteira de Pernambuco, fora isso existe a produção de gesso em menor escala. Durante essa ultima seca, as perdas foram enormes, a gente nem conseguiu catalogar, estima-se que mais da metadede desse gado se não morreu saiu para o Norte. Os produtores tiveram que vender pra não perder o gado de sede e fome. O que não resolveu o problema, por exemplo, alguém que tinha 15 cabeças de gado vendeu 10 pra manter os outros 5, mas também já não tem mais o dinheiro, como se diz, os que ficaram comeram o que se obteve de renda com os que foram vendidos, por isso ainda não morreram. Mas, não temos mais pasto, nem água, isso vem inviabilizando todas as formas de criatório”.

Ruas sem saneamento e pavimentação

“Vimos famílias, ao longo de muitos anos, trabalhando para melhorar suas condições de vida, conseguirem e agora perderem tudo. Existe muito sofrimento, não só o rebanho passa necessidade, as pessoas também não têm mais o que comer e acumulam dívidas, junto aos bancos, no comércio, não têm mais crédito, porque não têm mais patrimônio, nem garantias. A economia de nosso município vai levar mais 10 anos pra se reestabelecer. Na minha gestão vou trabalhar para solucionar esses problemas de imediato, mas também fazendo planejamento em longo prazo”, relata.

O sonho sertanejo da irrigação

Nesta quinta-feira (13/12) o governador estará em Bodocó para anunciar medidas de combate ao sofrimento ocasionado pela seca. “Essa seca que estamos atravessando, os jovens de até 30 anos jamais viram, vivemos um momento de calamidade, de extrema delicadeza. Pedimos a ajuda de entidades governamentais e não governamentais. E que não se faça só anúncios e sim ações, e ter a consciência de que a seca é um fenômeno natural e que outras virão, devem existir políticas públicas antevejam isso. As pessoas têm saído daqui, inúmeras famílias foram para outros estados até pro Sul e Sudeste, porque ficar aqui seria a morte”.

A seca também preocupa os criadores

Muitos desses emigrantes de Bodocó foram para os perímetros irrigados de Petrolina. “Onde o perímetro irrigado passa, ele deixa um legado de desenvolvimento imenso, a ponto de não se ter a dimensão exata da quantidade de empregos diretos e indiretos que ele oferece. Pensamos nisso para o nosso município não podemos esperar seca avassalar nossos rebanhos e incentivar famílias a produzir”.

Dentro dessa perspectiva o futuro prefeito lembra grandes empreendimentos como o projeto do Canal do Sertão. “Há décadas se fala nesse projeto, isso seria um verdadeiro Oasis para o sertão do Araripe. O Vale do São Francisco, a exemplo de Petrolina e Juazeiro, é espelho de irrigação para programas nacionais e internacionais. Mas, os municípios aqui no final de Pernambuco muitas vezes é esquecido. O canal é um sonho antigo, mas o município tem que puxar a responsabilidade, também, não adianta ficar jogando a responsabilidade de uma esfera do poder para a outra”.

O próximo prefeito quer fazer uma administração histórica. “Quero deixar um legado de progresso, quando envelhecer poder dizer que contribui com o desenvolvimento dessa terra”, finalizou.

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