Aos 53, ex-chacrete Regina quer voltar à TV e fala de assédio: ‘Tem até hoje’

Regina Polivalente: antes e depois de ser chacrete
Regina Polivalente: antes e depois de ser chacrete Foto: arquivo e foto de Pawel Lordloj/divulgação
Carol Marques

Há pouco mais de 30 anos, Regina Magalhães costumava bater ponto na TV todos os fins de semana. Conhecida como Regina Polivalente, a loira foi uma das chacretes do antigo “Cassino do Chacrinha”. Após a morte do Velho Guerreiro, em 1988, ela e algumas companheiras ainda tentaram uma sobrevida fora da programação, mas passou. E Regina voltou a ser um rosto (e um corpão) anônimo na multidão. Até o carnaval deste ano.

Ao homenagear Chacrinha, a Grande Rio a convidou para ser um dos destaques do carro em que apareciam outras ex-chacretes. “Ali me deu vontade de reencontrar este mundo artístico. Fiz curso de teatro na época de dançarina e quero mostrar que estou aqui de novo. Sou de agarrar oportunidades”, avisa a carioca, moradora do Vidigal, aos 53 anos.

Regina Polivalente aos 53 anos quer voltar à TV
Regina Polivalente aos 53 anos quer voltar à TV Foto: Pawel Lordloj/divulgação

Formada em Educação Física, Regina nunca se descuidou da boa forma. Malha diariamente e quando pode corre na areia da praia sábado e domingo. Intervenções cirúrgicas, ela garante, foram poucas: “Tirei uma gordurinha aqui e ali, fiz um Botox…”, confessa. Não á toa, ela hoje ganhou dois novos apelidos: “Me chamam de Mulher Formol ou Mulher Vinho”.

Regina se diverte com as alcunhas, mas diz que Polivalente, com o qual foi batizada pelo próprio Chacrinha, é o que mais a representa. “Nunca tive medo de trabalho. Já trabalhei no comércio e até numa barraca de praia quando fiquei desempregada”, conta.

Regina Polivalente fala de assédio na época de chacrete
Regina Polivalente fala de assédio na época de chacrete Foto: Pawel Lordloj/divulgação

Competição e assédio

Executiva de contas numa produtora de eventos, Regina sente saudade dos tempos em que dançava para milhões de brasileiros. Mas também se recorda de uma época em que a vaidade e a disputa entre as chacretes eram enormes: “Infelizmente, a mulher compete com a outra. E tinha mesmo isso. Nunca fui de polêmica e não cuido da vida alheia porque a minha já tenho que cuidar e não é fácil”, justifica.

Como chacrete, Regina diz que conseguiu dinheiro suficiente para bancar sua faculdade. “Se fosse hoje, estaria rica com tanta visibilidade que a internet trouxe”, compara. Na época, ela ainda se dividia como subgerente de uma loja num shopping. E lutava contra o preconceito e o assédio: “Tem até hoje. Uma vez um diretor de VT que me dava carona quis sair comigo. Disse que não tinha nada a ver, que éramos amigos e ele me ameaçou. ‘A partir de agora não vou botar imagem sua no ar’, ele me disse. Eu respondi que era paga para dançar e não aparecer. De fato ele cumpriu a ameaça e eu fiquei receosa de falar com alguém. Até o dia que o leleco Barbosa, filho do Chacrinha e diretor do programa, me perguntou o que estava havendo. Contei o ocorrido. Pouco tempo depois, o tal diretor foi demitido”.

Regina Polivalente diz que sofre preconceito até hoje
Regina Polivalente diz que sofre preconceito até hoje Foto: Pawel Lordloj/divulgação

Preconceito por morar na favela

Solteira, ela diz que as cantadas ainda são grandes. “Mas sempre soubre botar os homens no lugar deles”, garante. O que deixa Regina incomodada mesmo é ouvir alguém falando sobre as chacretes: “Muitos achavam e acham que éramos profissionais do sexo. Se fossemos, não seria o menor problçema. Mas é uma mentira. Cada uma tinha sua cabeça e livre arbítrio e fazia o que queria. Sempre fui bem ajuizada”.

O preconceito não esbarrava apenas na profissão de dançarina. Mas também por Regina nunca esconder que foi criada numa favela: “Imagina! Moro num lugar lindo, tenho casa própria. Já fui muito parada por policiais querendo saber por que uma loira branca estava subindo o morro. Se isso não é preconceito….”.

Regina Polivalente recebeu apelido de Mulher Vinho pela boa forma
Regina Polivalente recebeu apelido de Mulher Vinho pela boa forma Foto: Pawel Lordloj/divulgação

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