“Farsa da esquerda” e “culpa do comunismo”: Bolsonaro e o filho, Eduardo, batem cabeça sobre genocídio Yanomami

Eduardo Bolsonaro propagou versão do blogueiro Oswaldo Eustáquio, investigado por atos terroristas, para negar tragédia Yanomami, enquanto Bolsonaro nega tentativa de extermínio para favorecer garimpeiros.

Jair e Eduardo Bolsonaro.Créditos: Reprodução

Diante de cenas que remetem aos campos de concentração nazistas na II Guerra Mundial expostas pelo governo Lula diante da tentativa de genocídio do povo indígena Yanomami pelo governo anterior, Jair Bolsonaro (PL) e o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), bateram cabeça na criação de fake news para serem dissimuladas em grupos de apoiadores.

Enquanto Bolsonaro disseminou informações de seu governo no Telegram negando que tenha havido desassistência aos indígenas e que as imagens expostas se tratavam de um “farsa da esquerda”, Eudardo Bolsonaro disseminou a tese fake do deputado Marcio Tadeu Anhaia de Lemos, o Coronel Tadeu (PL-SP), de que o genocídio Yanomami seria “fruto do comunismo de Maduro e Lula”.

Na publicação, Tadeu compartilha uma notícia mentirosa assinada pelo blogueiro Oswaldo Eustáquio, investigado na ação dos atos terroristas, que diz que “indígenas em estado desnutrição em Roraima são venezuelanos e fruto do comunismo de Maduro e Lula”.

“PT produzindo Fake News. Os yanomanis, do lado brasileiro, são bem tratados. A crise reportada pela esquerda, são dos yanomanis venezuelanos”, escreveu o deputado bolsonarista na publicação disseminada por Eduardo.

Já no Telegram, Bolsonaro diz que “de 2020 a 2022, foram realizadas 20 ações de saúde que levaram atenção especializada para dentro dos territórios indígena”, negando as imagens da tragédia Yanomami e os dados que obrigaram Lula a declarar “Emergência em Saúde Pública de Importância”.

“Essas operações, além de combater a Covid-19, possibilitaram a oferta de consultas especializadas à população atendida, tendo em vista as limitações que a média e alta complexidade, a cargo de estados e municípios estavam enfrentando. Assim, além de clínicos gerais, as missões contaram com médicos infectologistas, pediatras e ginecologistas. Ante o alto índice de zoonoses, o Ministério da Saúde também enviou médicos veterinários para as missões”, diz Bolsonaro ao negar os fatos e contrariando medidas de seu próprio governo em relação à pandemia da Covid-19.

Inação e favorecimento ao garimpo

Por meio de suas redes sociais, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, revelou que a situação no território Yanomami “é grave” após a pasta decretar Emergência em Saúde Pública de Importância diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami.

Segundo Nísia, o Ministério da Saúde registrou 3 óbitos de crianças entre os dias 24 e 27 de dezembro e 11.530 casos de malária no último ano.

De acordo com nota emitida pelo Ministério da Saúde, “equipes do Ministério se encontram na região Yanomami, território indígena com mais de 30,4 mil habitantes. O grupo se deparou com crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição grave, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos”.

A situação de calamidade do povo Yanomami foi provocada pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro que, ao tomar conhecimento de uma série de agravos na região, optou por não fazer nada.

Com o início do governo Bolsonaro, o garimpo ilegal avançou em território Yanomami e foi até mesmo incentivado pelo ex-presidente. Reportagem do Intercept lembra que, em novembro de 2020, quando organizações indígenas denunciavam a invasão do território por garimpeiros, Bolsonaro questionou as demarcações.

“A reserva Yanomami tem mais ou menos 10 mil índios. O tamanho é duas vezes o estado do Rio de Janeiro. Justifica isso? Lá é uma das terras com o subsolo mais rico do mundo. Ninguém vai demarcar terra com subsolo pobre. Agora o que mundo vê na Amazônia, floresta? Está de olho no que está debaixo da terra”, disse Bolsonaro em novembro de 2020.

Ao longo de seu governo, Bolsonaro ignorou 21 ofícios com pedidos de ajuda dos Yanomami.

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