FBC vai à Ilha de Deus para mostrar ‘inoperância’ de Paulo Câmara

Fotos: Sol Pulquério/Divulgação
Fotos: Sol Pulquério/Divulgação

Ao lado do vereador do Recife e aliado Marco Aurélio (PRTB), o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) visitou, nesta manha de sexta-feira, a Ilha de Deus, local que foi o símbolo da administração do ex-governador Eduardo Campos. O objetivo aparente da visita foi destacar que vai seguir os passos de Eduardo e por outro lado, chamar a atenção da ilha como ‘símbolo da inoperância de Paulo Câmara’ ou ‘Nada foi feito em quatro anos’.

Para evitar problemas com a legislação eleitoral e não ser acusado de campanha antecipada, coube ao aliado o lançamento das farpas contra o socialista.

“Sempre fui votado na Vila da Imbiribeira, onde tenho amigos até hoje. Conheci a Ilha no seu início, quando ainda era conhecida por Ilha Sem Deus. A transformação feita pelo ex-governador Eduardo Campos é lembrada até hoje, mas é de entristecer o coração ouvir dos moradores frases como ‘Eduardo morreu e a ilha morreu com ele. Nada andou nestes últimos quatro anos.”, afirmou

“Vi o senador emocionado. Ele era um dos secretários que esteve ao lado de Eduardo Campos naquele primeiro dia do governo que se iniciava e que iria se transformar num dos melhores governos que Pernambuco já teve. Ao constatar que aquilo que foi símbolo de um governo que se iniciava do qual ele foi secretário e terminou como um dos governos mais importantes. Como me disse aqui um morador, a ilha parou. A ilha morreu junto com Eduardo.”

O vereador Marco Aurélio explicou a razão de ser um entusiasta da campanha de Fernando Bezerra. “Fernando será para Pernambuco o que ACM foi para Bahia e dará continuidade ao que foi implantado por Eduardo Campos.”

“Grande símbolo do compromisso e atenção social de Eduardo Campos com a população mais carente de Pernambuco, a comunidade da Ilha de Deus, no bairro da Imbiribeira, hoje sofre com o descaso do atual governo. Projetos importantes para os quase dois mil moradores foram paralisados a partir de 2015, interrompendo um ciclo de transformações que chegou a servir de modelo internacional”, reclamou FBC.

O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico durante a primeira gestão de Eduardo, entre 2007 e 2010 aproveitou a visita para criticar diretamente Paulo Câmara. “Levamos para a Ilha de Deus capacitações e projetos que melhoraram a produção do pescado. O que vemos aqui é o símbolo de um governo que fechou os olhos para os que mais precisam. Um descaso impressionante, que só comprova que é preciso virar a página e começar um novo ciclo em Pernambuco”, disse.

No final da visita, o senador se comprometeu com os moradores a trabalhar para que as bolsas das mulheres que produzem artesanato sejam custeadas pelo Governo Federal.

“Irei ao Ministério do Desenvolvimento Social para assegurar estes recursos e que elas possam permanecer trabalhando. O que não podemos é aceitar que conquistas obtidas com tanto esforço sejam perdidas por falta de iniciativa de um governador que fracassou”. Fernando Coelho disse que ouviu relatos que a comunidade deixou de expor na Fenearte, principal vitrine do artesanato no país, prejudicando a comercialização e as vendas.

“O temor dos homens e mulheres que vivem no local é que um passado triste seja revivido, quando a criminalidade atingia índices alarmantes e ela era chamada de Ilha sem Deus, por conta do tráfico e dos homicídios. Vamos nos mobilizar para que isto não aconteça, estas pessoas sempre tiveram coragem para lutar e não merecem este tipo de tratamento. O compromisso assumido aqui em 2006 não irá ser quebrado”, disse Fernando Coelho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Problemas com ONG

Na visita, a organização não governamental (ONG) Centro Educacional Saber Viver foi usada como exemplo pelos adversários de Paulo Câmara. Eles disseram que a ONG enfrenta sérias dificuldades e está ameaçada de fechar as portas, deixando desamparadas centenas de crianças e mulheres envolvidas em atividades de educação e cultura. Um dos problemas seria um convênio não finalizado com a Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag), pelo qual a ONG está obrigada a devolver R$ 250 mil, mesmo tendo investido os recursos em ações sociais.

“Não recebemos nenhuma assistência da Seplag para o gerenciamento deste contrato. Pelo contrário, o que nos disseram lá era que estava na hora de cortar o cordão umbilical da Ilha de Deus com o Governo. Parece que a Ilha de Deus morreu junto com Eduardo”, afirmou o gerente administrativo Edy Rocha, de acordo com informações divulgadas pela assessoria do senador.

“Para evitar o fechamento, a Saber Viver agora tenta um acordo com o Governo Paulo Câmara, que obrigará a ONG a pagar R$ 4.500 mensalmente à Seplag. “Somos uma comunidade de catadoras e marisco e plantadores de mangue, como vamos pagar o que não temos?”, questiona.

De acordo com o relato do grupo de FBC, Edy também destacou que muitas ações foram abandonadas pelo poder público.

Um exemplo seria o caso do Centro de Beneficiamento de Pescado, que teve dois módulos erguidos, mas hoje está com a obra parada. O equipamento iria servir para o tratamento dos mariscos catados no manguezal, que garantem o sustento para quase todas as famílias da Ilha de Deus.

“Se estivesse pronto, o local também iria ajudar a aumentar a renda dos moradores, pois o preço do quilo do produto poderia ser triplicado e até vendido diretamente a bares e restaurantes. Também abandonada foi a obra da creche Saber Viver, que atendia 40 crianças e foi demolida, sob a promessa que uma nova seria erguida. Nada foi feito e estamos precisando improvisar para não deixar as crianças na rua, já que as mães e pais precisam trabalhar. Também nos foi garantida uma quadra para melhorar as atividades físicas com os adolescentes. Ficamos no vazio”, relatou Edy, sempre de acordo com informações divulgadas pelo grupo de FBC.

“O atual governador não fez sequer a prometida visita à comunidade após as eleições de 2014. Depois que ele chegou ao poder, nunca mais botou os pés aqui, nem nos recebe”, lamenta.

Uma situação preocupa de forma especial os habitantes da Ilha de Deus: após ser feito por Eduardo todo o trabalho de saneamento, a Compesa não instalou as bombas para a sucção do esgoto e os dejetos estão sendo despejados diretamente no rio, de onde a comunidade tira os mariscos.

“É um grave risco à saúde de todos nós que vivemos aqui e a condenação do nosso trabalho”. (JC)

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