Romances e separações de Elis Regina são vividos por Laila Garin no teatro

Atriz baiana interpreta a cantora em musical ao lado de Claudio Lins e Felipe Camargo

Aprendendo a jogar o jogo do amor, Elis Regina não poupou intensidade, calor e emoção. Descobriu que fascinação não traz felicidade e que as aparências enganam. Cantou, chorou, quase ficou louca. Mas soube deitar e rolar, falou e disse o que queria. Foi embora muito cedo. Não deu tempo de se redescobrir, nem de ver que esse mundo era, realmente, dela. ‘Elis Regina, A Musical’, de Nelson Motta e Patricia Andrade, estreia amanhã no teatro Oi Casagrande, no Leblon, e traz um pouco da vida e dos amores da artista em grande estilo. Cinquenta músicas, 19 atores e um investimento de R$ 10 milhões fazem parte dos números que envolvem a megaprodução, que também marca a estreia de Dennis Carvalho na direção teatral.
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A baiana Laila Garin é quem vive a consagrada cantora no palco. Os maridos de Elis, Ronaldo Bôscoli e César Camargo Mariano, são interpretados por Felipe Camargo e Claudio Lins, respectivamente. E, quando se fala dos romances da Pimentinha (como era conhecida), entram em cena também suas brigas e separações. “Os namorados, eu não coloquei na peça. Só os dois maridos. O Samuel MacDowell, que foi o último namorado dela, não está, não entrou o Fabio Jr., com quem ela teve um caso, nem o Guilherme Arantes. Ela também namorou o Edu Lobo, mas nunca foi muito namoradeira, ela era sedutora. Os homens ficavam loucos por ela. Quando ela queria fazer charme, era uma gracinha”, conta Nelson.

“Ela era uma mulher normal, tinha inseguranças, achava que estava ficando velha. Imagina, coitada! Morreu com 36 anos. Elis tinha 30 anos e estava se sentindo velha. E reclamava disso”, acrescenta. Apesar de ter morrido de overdose, em 1982, Elis não era uma drogada, afirma Nelson, amigo de Elis, que deixou de fora do musical a relação dela com as drogas e o álcool.

“Quando ela queria fazer charme, era uma gracinha”, conta Nelson Motta

“Isso não era uma característica da personalidade dela. Elis nunca foi uma drogada, não fumava maconha. Não existe essa narrativa. É diferente do Tim Maia, que era um drogado profissional e fazia questão de exibir isso. Elis era uma careta. Coitadinha, ela entrou nessa onda de cocaína e morreu por um acidente, errou na dose. Pra que mostrar isso? Musical é fantasia.”
Brava, briguenta, cafajeste e grossa. É dessa forma que Nelson define as características da amiga. “Eu vi muitas dessas cenas de briga. Elas aconteciam na frente de dez, 20 pessoas. Até pegamos leve no musical, porque eram muito piores. Mas tem muita baixaria da Elis, porque faz parte da personalidade dela”, completa.
“Ela era paixão pura, vivia intensamente. Todo mundo falava que ela ficou mais calma quando se casou com o César e que com o Bôscoli ela tinha uma relação de provocação muito grande. Eu li algumas biografias, sempre sabendo que eram versões”, avalia Laila.

Megaprodução marca a estreia de Dennis Carvalho na direção teatral.

Felipe Camargo conta que Bôscoli dava muito trabalho quando o assunto era fidelidade. “Ele sempre foi mulherengo. Mas, ao mesmo tempo, deu uma roupagem moderna à Elis. Era o jeito dele, ele tinha uma língua muito ferina. E ele falava: ‘Deixa de ser brega! Você está jeca, com cara de pobre.’ Ele acusava muitos defeitos, mas teve muita importância na carreira dela.”

Na pele do segundo marido de Elis, Claudio Lins ressalta a cumplicidade que existia entre o casal. “Eles eram muito apaixonados e se completavam em tudo. Foi o Ronaldo quem levou o César para a banda da Elis. Mal sabia ele que estava levando o inimigo para dentro de casa. Mas eles nunca deixaram de ser amigos”, diverte-se. “O César, em muitos aspectos, era o oposto do Ronaldo, mas isso não quer dizer que ele baixava a cabeça para tudo que ela fazia. Ele tem personalidade forte, por isso brigavam bastante”, enfatiza o ator.
O Dia

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