Sem problemas, o foco é “Lula Livre”?

Um país mergulhado em um caos social. Taxa de desemprego em índices extratosféricos. Violência assustando as pessoas. Educação em farrapos. Um povo totalmente sem expectativa e esperança. O que esperar de um dos principais partidos do campo progressista? Um projeto? Com certeza essa seria uma resposta óbvia. Mas não para o PT, que optou por se acorrentar em Curitiba, em “solidariedade”, a uma prisão, segundo eles injusta, de seu líder maior: Lula.

A pauta “Lula Livre” domina o imaginário petista. Não se fala em geração de emprego, tão pouco na reindustrialização do país. “Como falar das queimadas na Amazônia sem falar de Lula Livre?” brada o petista mais radical. E assim o tempo passa com outros grupos políticos ocupando esses espaços vazios na sociedade deixados pelo Partido dos Trabalhadores. Seja por abandono ou por pura desilusão com o partido, incapaz de reavaliar seus erros e dar satisfações a população. E o petismo definha na sua própria lamúria.

Alguns tentam alertar da estreiteza do “lulalivrismo”. Outros falam dos erros que levaram o PT a essa situação. E quem o faz, quem não tem o “Lula Livre”como ponto central da resistencia democrática, é tratado como “direita” pelos “companheiros” petistas. Entoam, os lulalivristas, com seus exércitos robóticos virtuais: “Vendidos! Párias! Traídores!”. Um desses casos de ataques é quanto a figura de Ciro Gomes.

Por que os ataques petistas a Ciro Gomes se intensificaram? Os sites e blogs ligados ao partido dos trabalhadores não cansam de atirar contra o pedetista. Pois sabem que Ciro está se consolidando como o principal nome da oposição. Haddad, ex-candidato substituto à Lula no pleito de 2018, não deslancha, e Lula… Bom, Lula está preso….

Mas parece que essa percepção não é exclusiva daqueles que de fora observam o partido. Notícias de um racha interno põem em xeque a liderança interna dos lulistas.  Rui Costa, governador da Bahia ligado a Jaques Wagner, deu uma entrevista dizendo que o PT devia ter apoiado Ciro Gomes no ano passado. Uma verdadeira afronta a narrativa de que a escolha por Haddad, foi uma escolha “vitoriosa”. Parece que nem todos os passarinhos querem permanecer na gaiola simbólica petista. A análise baiana passa necessariamente por uma questão de sobrevivencia política. Eles tem um povo a governar.

O PT ataca tudo que não se submeta ao seu slogan do ”Lula Livre”. Muito além da questão jurídica, vislumbra-se um instrumento de manutenção de um hegemonismo no campo da esquerda tradicional. Se é que ainda existe esse tal campo, no formato dos tempos das greves do ABC. Percebe-se que há um rearranjo de forças dentro do campo progressista. E isso assusta as velhas cobras.

Ciro Gomes aparenta ser um novo pólo de atração oposicionista. E parece querer dialogar com diferenças forças político-partidárias. Porém, continua desejando distância do lulopetismo, que tanto lhe prejudicou no pleito. Porque é no centro dos debates das mazelas da nossa sociedade, que continua viva, para surpresa de muitos petistas do acampamento Marisa Leticia, que se encontra a verdadeira disputa.

F. Junior

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