Mosquito comum também pode transmitir zika, aponta estudo brasileiro

Os mosquitos usados no estudo foram capturados na cidade de Recife, capital pernambucana, e uma das cidades mais afetadas pela epidemia que castigou o Brasil no início do ano passado.EFE/Sebastião Moreira

mosquito comum (Culex) também pode transmitir o vírus Zika, algo que era atribuído exclusivamente ao Aedes aegypti, responsável pela propagação do dengue e do chicungunha, apontou um estudo divulgado hoje por pesquisadores brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), considerado maior centro de estudos médicos da América Latina e vinculado ao Ministério da Saúde.

Os pesquisadores da Fiocruz isolaram o vírus da Zika recolhido em organismos de mosquitos do gênero Culex e decifraram a sequência genética dele. O estudo permitiu estabelecer que o vírus consegue multiplicar-se dentro do organismo do mosquito comum e chegar até as glândulas salivares.

“Usando cartões especiais para a coleta foi comprovada a presença de partículas do vírus na saliva dos mosquitos, o que indica a possibilidade de transmissão quando o inseto se lança a uma pessoa “, explica o comunicado divulgado pela entidade.

Os cientistas brasileiros também obtiveram fotografias microscópicas do processo de formação de partículas víricas do zíka nas glândulas do mosquito comum.

Os resultados da investigação foram divulgados na última edição da revista científica “Emerging microbês & infections”, vinculada ao grupo Nature.

Os mosquitos usados no estudo foram capturados na cidade de Recife, capital pernambucana, e uma das cidades mais afetadas pela epidemia que castigou o Brasil no início do ano passado.

“A população do Culex é maior que a do Aedes em Recife. A hipótese que tínhamos era que, se um deles fosse um vetor, isso explicaria porquê a epidemia se propagou tão rápido nesta cidade “, explicou o especialista Gabriel Wallau, da Fiocruz e um dos responsáveis pelo estudo.

Vários estudos anteriores foram incapazes de determinar se o Culex era um vetor da zika e uma das pesquisas, agora revisada, chegou a descartar totalmente essa possibilidade.

A Fiocruz informou que realizará novos estudos para analisar “o conjunto das características fisiológicas e de comportamento em meio ambiente natural dos mosquitos, para tentar entender o papel e a importância desta espécie na transmissão da zika”.

O instituto já havia decifrado no ano passado a sequência genética do vírus mas a partir de mostras de humanos infectados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *